Como já foi anunciado, amanhã - dia 27 -, vai ser reunida a Assembleia Geral do Clube, que vai ter como ponto único da ordem de trabalhos a "Apresentação, discussão e votação do Relatório e Contas da Direcção, referente ao exercício do ano de 2005, nos termos conjugados dos Art.º 25, nº2 e 83, alínea q) dos Estatutos." Para mais informações podem consultar a notícia no portal oficial do clube.
O Relatório e Contas já foi posto à disposição dos sócios nas instalações do clube mas confesso que ainda não o fui buscar, mas não posso deixar de referir que a direcção (ainda) não o publicou no portal oficial!
No entanto, já foi publicado pela comunicação social que o clube vai apresentar este ano cerca de 2 milhões de euros de prejuízo e, ao que parece, a justificação para este valor prende-se com a contabilização das amortizações das obras do estádio bem como, com a diminuição das receitas do bingo. Outro pormenor importante é o facto do Relatório e Contas apresentar as contas das diversas modalidades e aparentemente todas elas, à excepção do râguebi, apresentam valores negativos, o que também não é novidade.
Este artigo vai servir, não para criticar as contas, uma vez que não as conheço, mas antes para se discutir o modelo de financiamento das modalidades. É um artigo que já está na forja há bastante tempo, mas por uma razão ou por outra nunca conclui as minhas ideias. No entanto, considero que este é ainda um trabalho em desenvolvimento.
Primeiro, tenho que deixar claras algumas das ideias base:
1) As modalidades não podem ser vistas todas da mesma forma e por isso fiz a divisão seguinte, que tem a ver com a maior profissionalização dos seus atletas:
- Nivel 1: Andebol e Basquetebol (seniores);
- Nivel 2: as restantes (seniores);
- Formação de todas as modalidades
Assim, o total de cada modalidade seria a soma do escalão sénior (1 ou 2) + a formação.
2) O Bingo serve para financiar a prática do desporto. Eu penso que o clube entende que isso compreende a formação em todas as modalidades, as modalidades extra-futebol em todos os seus escalões bem como, as suas infraestruturas que são utilizadas por esses escalões/modalidades. Por outras palavras, o Bingo não pode servir para financiar a equipa de futebol sénior nem os serviços do clube.
3) Assim, à receita líquida do Bingo tem que corresponder igual volume de custos na soma de todas as modalidades e custos com as infra-estruturas (Pavilhão e outros equipamentos).
Quadro-resumo
continua...
4) A diferença entre os custos correntes e os proveitos próprios de cada modalidade devem ser tendencialmente zero.
5) A utilização por cada modalidade das infra-estruturas e dos equipamentos neste modelo não seria valorizado (como já defendi anteriormente) sendo assim suportado pelo clube. O mesmo deveria acontecer para os serviços do clube, como a secretaria, tesouraria, outros serviços administrativos, serviços médicos, etc.
Numa situação ideal teríamos todos os custos das modalidades + infra-estruturas suportados pela Receita do Bingo e assim, as receitas próprias de cada modalidade apenas serviriam de “baliza” para o cálculo dos custos.
Eu penso que é isso que não acontece actualmente – os custos das modalidades correspondem à soma das suas receitas próprias + quota-parte dos proveitos do bingo. Penso que esta é uma ideia errada e que deve ser combatida.
E se os custos são cobertos apenas pelo Bingo, o que fazer com as receitas próprias de cada modalidade? Este valor obviamente reverteria para o clube, e podia ser utilizado, por exemplo, para reforçar o investimento numa modalidade em determinadas ocasiões, imagine-se para “atacar” o campeonato. (*2)
Resumindo, o clube oferece a cada modalidade a utilização das infra-estruturas e serviços do clube, devendo os restantes custos ser suportados pelas receitas de cada modalidade. Em determinadas ocasiões o clube realizaria um investimento adicional para se atingir determinados objectivos.
No caso das bilheteiras, o clube faz sempre a distinção entre bilhetes para sócios (quotas suplementares) e para não sócios. Também aqui deve ser alterada a lógica: deve ser considerado como receita de cada modalidade o número total de bilhetes vendidos x preço para não sócio. Esse desconto nos bilhetes para sócios deve ser suportado pelo clube e não pela modalidade. Exemplo: são vendidos 200 bilhetes a 5 € para não sócios e 400 bilhetes a 2€ para sócios. A receita real é de 200x5 + 400x2 = 1.800€. No entanto, deve ser considerado receita da modalidade o montante de 600x5= 3.000€, sendo que a diferença (1.200€) deve ser considerada um beneficio do sócio suportado pelo clube.
Isto tudo é muito bonito, acho que faz algum sentido, mas será que tem aplicação prática? Para já acho que não. Já foi admitido que o montante das receitas apenas cobre 30% dos orçamentos das principais modalidades.
Outra questão: ao aplicar-se este modelo, seríamos competitivos com as outras equipas? Com o actual nível de receitas penso que não. É urgente aumentar nível de receitas.
Com isto quero dizer, que as modalidades devem começar a caminhar neste sentido. Não o podem fazer de um momento para o outro, porque assim perdem competitividade. É por isso necessário que a direcção faça um plano a médio/longo prazo (não pode ser muito longo), que estabeleça metas e objectivos temporais, porque só assim vamos garantir a sustentabilidade do clube.
(*) (Imagem) Patrocinio das infra-estruturas. A publicidade estática nas instalações desportivas são alocados às próprias infraestruturas e não ás modalidades. Penso que seria importante alocar essas receitas às modalidades.
(*2) Esqueci-me de referir um pormenor. Actualmente, a receita do Bingo consegue suportar todos estes custos. Mas isto não vai acontecer para sempre. A única forma de garantir a sustentabilidade do clube é fazer com que o clube comece a caminhar no sentido apontado por este modelo (ou por outro semelhante). Temos que ser realistas, as receitas do bingo vão diminuir e têm que ser compensadas com o aumento das receitas próprias das modalidades.
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