quinta-feira, fevereiro 16, 2006

RUGBY - Retrospectiva de 5 meses

R.Vasco

Isolado no topo da tabela classificativa, o XV azul tem-se revelado a mais forte equipa nacional do momento. É precisamente sobre o percurso realizado até ao momento que este pequeno artigo se debruça.

Chegados a este ponto da temporada, e aproveitando a paragens na Divisão de Honra devido a compromissos internacionais da selecção nacional de XV, é tempo de realizar uma retrospectiva acerca destes primeiros 5 meses de competições nacionais, nas quais a equipa do Belenenses esteve envolvida.

Até ao momento, a equipa sénior disputou ou encontra-se a disputar três provas: a Taça de Portugal, a Supertaça e a Divisão de Honra 2005/2006. Analisemos pois a prestação dos azuis em cada uma das referidas provas:

continua...
Taça de Portugal 2005/2006

Na fase de grupos da Taça de Portugal, o Belenenses teve pela frente as equipas do CDUL, Cascais e Caldas. A equipa do Restelo venceu o grupo sem grande dificuldade, apesar de ter sofrido uma derrota em casa dos «universitários», por 12-7, numa partida marcada por elevado número de ausências de jogadores habitualmente utilizados, então ao serviço da selecção nacional.

Os jogos foram disputados antes do início da Divisão de Honra, e numa fase em que as equipas iniciavam a sua preparação para a nova temporada desportiva, pelo que a qualidade de jogo não foi ainda a melhor.


Os azuis apuraram-se para a 2ª fase da prova, na qual estarão presentes outras 7 equipas: Académica, CDUL, CDUP, Direito, Benfica, Técnico e Agronomia. A partir daqui, os jogos serão a eliminar, de acordo com o esquema tradicional de eliminatórias da Taça de Portugal (emparelhamento por sorteio).

O sorteio realizar-se-á no próximo dia 21 de Fevereiro, pelas 18:00, na sede da FPR. Saberemos então que «sorte» teve o Belenenses.

Supertaça 2005

Coube à equipa principal de Rugby conquistar, no dia 5 de Outubro passado, o primeiro troféu oficial da temporada 2005/2006, ao bater nas Caldas da Rainha a equipa do Direito, por 18-16. Num jogo disputado em ritmo lento, por duas equipas a iniciar a sua preparação, foram mais fortes os jogadores então treinados pelo argentino Patrício Lamboglia.


A vitória sobre o Direito, que se repetiu em casa dos «advogados» já durante a Divisão de Honra, veio demonstrar que a forte equipa de Monsanto também tem fragilidades, e que os azuis se apresentam nesta época 2005/2006 como sérios candidatos não apenas ao título nacional, mas também às outras provas em disputa.

Divisão de Honra 2005/2006

O Belenenses iniciou a sua participação na Divisão de Honra tendo já ao comando da equipa o neozelandês Adam McDonald (formando dupla com o antigo jogador internacional belenense Francisco Borges), regressado a Portugal após alguns meses de ausência na sua terra natal.

Na prova principal da época desportiva do rugby, o Belenenses entrou com o pé direito e obteve uma série de seis vitórias consecutivas, apenas parada pela formação do Benfica, que veio ao Restelo surpreender tudo e todos, vencendo por invulgares 7-8.

Não obstante a derrota, os azuis continuaram a sua caminhada vitoriosa nesta fase regular e voltou a ampliar a sua vantagem pontual relativamente aos seus mais directos perseguidores, ao bater de forma categórica as equipas do CDUL, Técnico e Académica nas três primeiras jornadas da 2ª volta.


Após a paragem que decorre actualmente, os azuis fecham a fase regular da Divisão de Honra com quatro importantes testes: CDUP (fora), Direito (casa), Agronomia (casa) e Benfica (fora). Assim, e apesar de ter a participação na segunda fase quase garantida, a equipa do Restelo terá de suar para manter a liderança da prova e para mostrar a sua consistência e valor colectivo.

Ainda relativamente à participação azul na Divisão de Honra, importa reter os seguintes elementos:

- O Belenenses é o emblema com mais pontos marcados e menos pontos sofridos.

- Ao fim da 10ª Jornada, o Belenenses contava já com 50 ensaios marcados (média de 5 ensaios por jogo);

- Em 10 jogos disputados o Belenenses conquistou 8 pontos de bonificação, incluindo na única derrota concedida;

- Adam McDonald tem imprimido significativa rotatividade de jogadores na equipa, com as listas de 22 atletas convocados a variarem de jornada para jornada, incluindo no que diz respeito aos XV que iniciam cada partida;

Sobre a prova em si, inaugurada esta ano em novo formato e com novo nome – Divisão de Honra – importa esclarecer que nada trouxe de novo e que, pelo contrário, muitos têm sido os problemas que tem enfrentado. A falta de árbitros é um deles, talvez o mais grave. A falta de público nas bancadas é outro.

Como pode o rugby português querer competir de igual para igual contra nações onde as competições de clubes têm semanalmente assistências superiores ao nosso futebol profissional?

Perspectivando a fase final

Com a presença na fase final praticamente garantida, importa analisar a forma como irá decorrer o momento da prova em que se decidirá o título nacional 2005/2006.

Contrariamente ao ano anterior, em que a fase final se disputou numa «Final Four» a duas voltas com todas as equipas a jogarem entre si, a edição 2005/2006 da Divisão de Honra traz consigo a novidade do título ser disputado numa final, após realização de duas meias finais entre os quatro primeiros classificados.

O emparelhamento de equipas será realizado da seguinte forma:

Jogo 1: 1º classificado x 4º classificado (em casa do 1º)
Jogo 2: 2º classificado x 3º classificado (em casa do 2º)

3º e 4º lugares: Vencido do Jogo 1 x Vencido do Jogo 2
Final: Vencedor do Jogo 1 x Vencedor do Jogo 2

A final e o jogo de apuramento do 3º e 4º lugar serão disputados em campo neutro.

As equipas mais bem colocadas para ocupar os 4 lugares de acesso às meias-finais são, nesta fase da prova, e para além do Belenenses, as formações do Direito (actual campeã em título), Agronomia e Benfica.

Reforços bem pensados e melhor integrados

Numa modalidade com recursos limitados, no contexto da qual se tem verificado uma rigorosa gestão de verbas, é importante que os reforços – que representam de uma forma ou outra custos para o clube – sejam efectivos reforços… e não apenas jogadores novos. O Rugby conseguiu, para já, ganhar a aposta no mercado argentino, com todos os atletas estrangeiros a contribuírem para as muitas vitórias azuis neste início de temporada!

Assim, nesta temporada 2005/2006, o Belenenses voltou a chamar o pilar Juan Murre (que já havia actuado pelo Belenenses na época anterior) e arriscou a contratação do igualmente argentino Manuel Castagnet para a posição de n.º8.


Cerca de três meses mais tarde, e já com a Divisão de Honra em curso, a equipa voltou a ser reforçada com dois jogadores oriundos do Clube de Rugby Los Tilos, de Buenos Aires: o «três-quartos ponta» Emiliano Castagnet (irmão de Manuel Castagnet) e o «primeira-linha» Nicolas Formigo, jogador que actua tanto como pilar como na posição de Talonador.

Quem acompanha a modalidade e o desempenho da equipa azul poderia considerar ainda justificada a contratação de um «médio-formação», para suprir a falta do internacional Pedro Netto, que recupera de lesão há já alguns meses… Todavia, aqui os reforços são lusos e chamam-se Pedro Silveira e Bruno Nifo (este regressado ao clube depois de uma passagem por Itália, onde actuou na Lazio de Roma), dois atletas que vêm demonstrando grande valor e efectiva capacidade de organização de jogo/tomada de decisão.

Por outro lado, importa não esquecer o regresso ao Belenenses do capitão João Uva, depois de uma passagem pelos catalães do Santboyana, equipa actual campeã ibérica da modalidade. Actuando na posição de «Asa», João Uva representa um importante reforço para a equipa do Restelo. A sua capacidade de liderança foi aliás reconhecida pelo 1º centro e melhor jogador luso do ano de 2005, Diogo Mateus, em entrevista recentemente concedida ao jornal «A Bola». Não é por isso de estranhar que João Uva seja, para além de capitão de equipa do Belenenses, o capitão de equipa da selecção nacional de Rugby XV. Uma honra para o jogador, para a secção e para o clube!

Os azuis nas selecções nacionais

Outro dado interessante relativamente ao rugby azul diz respeito à participação de jogadores da sua equipa principal nas selecções nacionais de XV e Sevens.

No que diz respeito à selecção de Sevens, o Belenenses esteve representado na equipa nacional com 3 jogadores, durante os torneios do Dubai e George (África do Sul): João Uva, Diogo Mateus e Sebastião Cunha.

Relativamente à selecção de XV, e apesar das chamadas aos treinos da selecção de diversos jogadores da equipa sénior, é verdade que nos jogos internacionais mais importantes da temporada – em particular no jogo contra as Ilhas Fiji, Uruguai e Chile –, apenas Diogo Mateus e João Uva têm merecido a confiança do seleccionar Tomaz Morais.


Será interessante observar e analisar as opções técnicas do seleccionador nacional relativamente aos importantes compromissos que se avizinham, no âmbito do Torneio Europeu das Nações, que muito influenciará as nossas hipóteses de estar presentes no Mundial de França, em 2007.

Não é que pessoalmente queira ver muitos jogadores do Belenenses na selecção. O mais certo é voltarem lesionados, com a possibilidade dos jogos internacionais nos arruinarem a temporada doméstica. Mas começa a ser demasiado injusto ver alguns dos melhores jogadores portugueses a verem o jogo da bancada. Enfim... opções!

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