quinta-feira, outubro 02, 2008

Quarto de Hora à Belém VIII




Amigos Belenenses, quatro jogos envolvidos na Liga e terceira derrota (segunda consecutiva).

De facto, a equipa não está bem, as linhas estão muito distantes e existe uma clara dificuldade táctica.

No último jogo, o que mais me admirou foi o Belenenses dar a iniciativa de jogo ao adversário, que aproveitou e dominou desde logo o meio campo.

Foi uma primeira parte, marcada pela posse de bola do Leixões no seu meio campo e pela tentativa do Belém em entrar no jogo. Muitas dificuldades nas transições por parte do Belém, enquanto que o Leixões contra atacava com perigo.

Mior para este jogo não tinha um defesa esquerdo de raiz, pelo que colocou em campo Matheus, um central adaptado à esquerda. Foi a única alteração em termos posicionais do onze inicial (pois Cândido Costa é titular no onze base). Com o habitual 4x4x2 em losango, o Belém tentava uma estratégia de circulação da bola e teria de sair rápido para o ataque. Esta estratégia de jogo foi claramente ultrapassada, perante a organização defensiva do Leixões, com praticamente dois trincos (Bruno China e Roberto Sousa) que marcavam à zona Zé Pedro e Silas.

Pretendia-se mais Belenenses na primeira parte, e mais pressão no meio campo. Mano andava perdido, não sabia se era defesa direito ou médio interior direito e a equipa já tinha desperdiçado logo nos minutos iniciais uma boa oportunidade de golo por Porta.

Foi assim a primeira parte, em que o Belém poderia e deveria ter feito as despesas do jogo e tentado ao máximo chegar ao golo logo nos minutos iniciais, o que não aconteceu.

Na segunda parte mais do mesmo, jogo “amorfo”, a equipa entrou mal tacticamente (basta ver a abordagem ao lance de Matheus e a passividade de Vanderlei no golo leixonense) e depressa o mau jogo se fez sentir. Chegado o golo do Leixões, o Belém transcendeu-se e poderia ter até chegado ao empate num lance em que Beto faz duas excelentes defesas. Até ao final, foi o Belenenses que tomou conta do jogo, sempre tentando com todas as armas possíveis e com muita gente no ataque. Mas com muitos elementos no ataque, por vezes não resolve nada, aliás demonstra falta de organização. E foi assim, mais um jogo da Liga, sem a qualidade devida de uma equipa que tinha por objectivo inicial a Europa.

Destaques para Zé Pedro, que a meu ver foi o melhor elemento em campo, remando sempre contra a maré, rematando, passando, tentando de tudo para sairmos dignos.

A nota negativa vai claramente para a estratégia de jogo. Matheus é defesa central e é aí que tem que jogar. Mano precisa de crescer ainda mais como jogador e Wender claramente não aguenta 90 minutos em campo.

Após três meses de trabalho ficámos a conhecer melhor esta equipa. Ficam algumas ideias. A primeira assenta sobretudo no fio de jogo. Na minha opinião uma equipa tem que ter organização, não interessa a táctica 4x3x3 ou 4x4x2, mas sim os movimentos que os jogadores fazem ou mesmo o seu estilo colectivo de jogo. Os mecanismos de jogo têm que em três meses serem visíveis e efectivos. Com Silas e Zé Pedro na “batuta” a equipa tem que estar ao melhor nível em termos de organização de jogo.

Outra ideia é a falta de organização defensiva, muito por fruto das sucessivas lesões na defesa. Mior já utilizou numa primeira fase a dupla Arroz-Carciano, após a lesão do primeiro, colocou uma dupla com Matheus e Carciano, recentemente voltou a formar nova dupla metendo Alex a titular e no último jogo chegou a meter Vanderlei também na zona central. São muitas vicissitudes para uma equipa que está em construção e sobretudo numa zona que é tão importante como a defesa.

Também outro factor que podemos verificar nestes três meses, tem sido o ataque. Em quatro jogos realizados a equipa só marcou golos num só jogo, frente ao Paços (2).
Em termos atacantes as dificuldades são imensas, quer ao nível da finalização, quer até ao nível da criação de oportunidades, pois a equipa tem dificuldade em dar amplitude ao seu jogo pelas faixas.

Outra dificuldade prende-se com a falta de cultura táctica por parte da equipa. O colectivo à imagem de Mior, gosta de trabalhar bem a bola, mas esquece-se do preenchimento dos espaços de jogo. Esta é a parte que quanto a mim, Mior peca ou seja a equipa não se comporta bem no factor táctico, nem o trabalhou devidamente.

Por vezes o pragmatismo e o correcto preenchimento dos espaços, fazem com que uma equipa inferior consiga ganhar a um futebol de alta qualidade e mais técnico. Foi isso que o Leixões nos fez, foram pragmáticos.

São essas as zonas que o Belenenses tem que aperfeiçoar, porque temos que trabalhar muito e com o que temos.

É preciso uma vitória para levantar a moral destes jogadores, e para trazer tranquilidade a esta equipa.

O lema nesta altura é o apoio incondicional a esta equipa (pois nós todos desunidos não fazemos nada) e é o trabalho. Sem trabalhar esta equipa, não vamos a lado nenhum. Teremos que acreditar, mesmo contrariados, porque o nosso clube é este. É o Belenenses que tanto nos orgulhou noutras épocas e porque será que agora estamos todos de cabeça baixa? Não somos aquele clube que o ano passado teria ido à UEFA? Não somos o mesmo clube que o ano passado ganhou ao Sporting e Benfica em casa? Não somos o mesmo clube que tem um passado que tanto nos orgulha? Somos sim, estamos diferentes, com determinados jogadores, mas o espírito continua. Espero que a batalha também continue e que estejamos unidos nesta altura complicada.

Saudações Azuis!
Nuno Valentim

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