quinta-feira, abril 09, 2009

Quarto de Hora à Belém - XXXII





Esta semana não quero falar sobre futebol. Aliás é muito mau estar a criticar a equipa, os jogadores, dizer que não temos fio de jogo. Neste momento não vale a pena deitá-los a baixo, vale sim, apoiar a equipa no próximo Sábado e mesmo que não se queira apoiar estes jogadores, vamos lutar por este Belenenses, por este clube que está a passar uma fase menos boa. É preciso acreditar, pois só dependemos de nós para garantir a manutenção. Mas no final da época é precisa retirar muitas ilações!

Noutro campo, os últimos acontecimentos no nosso clube têm posto em causa a nossa organização administrativa. Houve uma lista que diz que não foi admitida porque os serviços administrativos perderam uma serie de assinaturas, que lhe dariam a possibilidade de se candidatar às eleições. O que poderá ser grave, a menos que se esclareça a situação de modo coerente.

A minha rubrica desta semana vai incidir precisamente sobre esta questão – a organização interna do clube.

Como sabemos, o nosso clube tem por base uma Assembleia Geral, onde podemos discutir as nossas opiniões, votar e ser eleitos. Temos também no âmbito da nossa organização interna outros órgãos com as devidas competências, como a respectiva Direcção, o Conselho Fiscal e Disciplinar e o Conselho Geral.

Até aqui tudo bem, vários órgãos com competências bem definidas, através dos Estatutos do clube, mas na prática observamos que nem tudo é assim tão linear. A polémica para mim até nem vem de agora, mas já vem de há muito tempo, pela promiscuidade entre vários poderes.

Segundo o Estatuto do clube, o Conselho Fiscal e Disciplinar possui poderes de “fiscalização e vigilância na área financeira e de gestão”. Tudo isto está na teoria e na prática? Bom na prática, o que assistimos é que o Conselho Fiscal e Disciplinar é escolhido pela Direcção havendo uma total sujeição de poderes. O Conselho Fiscal e Disciplinar por assim dizer não incomoda a Direcção pelos actos que esta pratica. Existe como disse uma total confluência de poderes, em que um órgão não incomoda o outro. Onde estava o Conselho Fiscal e Disciplinar para vigiar a actividade económica destes últimos anos (e que tanto prejuízo deu)? Onde estava o Conselho Fiscal e Disciplinar para exercer as suas funções de vigilância da actividade financeira (que como sabemos aprovámos um empréstimo, que não tínhamos dinheiro para o cobrir)? Toda esta questão faz-me lembrar o caso do Banco de Portugal, que falhou nas suas funções de regulação e fiscalização da actividade económica. É o que acontece no Belenenses.

Noutro ponto, ainda dentro da actividade económica, no nosso clube parece não existir um Revisor Oficial de Contas, o que é contra os Estatutos. Se o há, age também ele mal. Mas já observei que todas as listas têm um, resta saber como será na prática, se será um mero funcionário executivo ou se será um indivíduo interventivo que zele pela correcta regulação das contas do clube.

No campo da actividade política como sempre defendi, acho que o Conselho Geral tem poderes a mais. Ou melhor, talvez exerça uma influência muito grande na vida do clube.

Sendo o Belenenses um clube eclético, com várias modalidades, por vezes não é possível à Direcção acompanhar tudo com todos os pormenores. Por isso, acho que deveria haver uma maior aproximação às modalidades, sobretudo no que toca ao Râguebi. Muitas vezes falta uma pessoa que faça essa ligação entre direcção e respectivas modalidades. Temos o vice-presidente para essa aérea, mas mesmo assim, penso que não é possível acompanhar todas estas questões. Penso que falta uma pessoa que faça esse encadeamento e que torne mais eficiente a gestão das modalidades.

Também não nos podemos esquecer que a organização das nossas camadas jovens melhorou muito este ano. E porquê? Porque houve uma maior aproximação aos jovens do clube. Porque houve uma aposta efectiva na contratação de jovens valores, como por exemplo Fábio Marques ao Atlético de Madrid. Contratou-se uma pessoa qualificada (Jorge Castelo) para coordenar as camadas jovens, que são treinadas por antigos jogadores do clube, que transmitem assim a mística do mesmo. Os resultados estão à vista.

Neste momento, há também que elogiar a política de comunicação levada a cabo pelos responsáveis pela secção de futsal. O prémio que ganhámos no ano passado é exemplo disso, de melhor comunicação entre clube e adeptos. É isto que falta ao nosso futebol.

Vejam a diferença de discurso entre o futsal e o futebol. O futebol tem um discurso por vezes agressivo, que contorna as questões todas, metendo culpas nos árbitros (eu sei que eles prejudicam-nos, mas não podemos levar a vida a criticá-los, não adianta nada) e o futsal apresenta-nos um discurso optimista, abordando as questões positivamente, com ambição pelo meio.

Esta política de comunicação tem que ser alicerçada com uma forte aposta no marketing do clube. Estamos quase no Verão. Porque não promover o clube? Distribuindo panfletos alusivos ao clube, t-shirts, pins, etc. Há tanta coisa para promover o clube. Porque não disponibilizar um autocarro ou mais para as pessoas que vivem na zona de Almada, Barreiro e outras, que tem dificuldades de mobilidade? E porque não incentivar os jovens a serem do Belenenses, dando-lhes bilhetes para o futebol e por exemplo fazer valer a fama de alguns jogadores para promoverem o clube nas escolas? São apenas ideias de como se pode fazer várias iniciativas sem ter que gastar muito. E não me venham com a desculpa da crise que isso é absurdo! Então se fosse por esse argumento não fazíamos nada e esperávamos pela morte do clube. Não, o Belenenses tem viabilidade, está é subaproveitado!

Portanto e para concluir, julgo que este caso da polémica dos serviços administrativos, não é para prejudicar ninguém deliberadamente, nem acho que seja um caso de polícia. Pode ser é uma grande trapalhada administrativa.

Como disse há certas áreas que o clube tem de trabalhar com competência, com sinceridade, escutando as opiniões de todos (mesmo sendo da lista rival), pois só assim poderá haver uma verdadeira organização interna.

Matérias como a organização administrativa têm de ser melhoradas para o futuro. Mas acima de tudo há que trabalhar com inteligência e não para glorificação pessoal deste ou daquele.

Saudações Azuis!

Nuno Valentim

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