Já lá vão 16 anos...
Ainda me lembro como se fosse ontem, da minha inconsciente felicidade que hoje seria loucura. Encarei aquela vitória apenas como mais uma, especial porque tinha direito a Taça e também porque o meu pai parecia ainda mais criança que eu, eufórico, a buzinar no regresso ao Restelo.
Tinha 6 anos, estava "habituado" a ver jogos com o Monaco e o Barcelona e o Belém a lutar de igual para igual com os grandes, e não me seria possível compreender toda a dimensão daquela vitória. Lembro-me perfeitamente como, durante anos, o terraço de casa da minha avó serviu de campo de treinos para imitar o livre do Juanico, de bem longe, a subir sobre a barreira, a picar para a baliza. E lembro-me tão bem do Zé António, que era dos poucos que eu conhecia por ser careca, passar por mim para ir buscar a Taça, e descer depois com ela, ali, ao pé de mim. A menos de um nada, hoje fosse ter-lhe-ia tocado.
Regressámos ao Estádio e lembro-me de ver um adolescente que caminhava lado a lado com o carro do meu pai, na fila interminável entre o Jamor e o Restelo, que cada vez que olhava para mim beijava a bandeira do Belenenses que levava na mão e esticava-me o polegar, isto entre o Jamor e Algés, durante uns bons 20 minutos. E eu não percebia...
Chegámos ao Estádio, esperámos os jogadores e foi a loucura quando começaram a saír nos seus carros, dirigindo-se à Praça do Imprério onde foi a confraternização entre todos. Tenho ainda uma bandeira velhinha, com as assinaturas do Baidek e do Zé Mário, nesse fim de tarde histórico.
Lembro-me de não ter achado o acontecimento nada de extraordinário, simplesmente feliz... como eu era feliz, sem perceber nada destas tristezas ano após ano. Só me apercebi de que, realmente, o Belenenses não ganha assim tantas vezes, quando descemos de divisão em 91, e foi um choque.
Espero sinceramente que seja este ano que o Belenenses volte a ganhar a Taça, venha o Benfica, venha quem vier. Temos de ter coragem e determinação, e a Taça será nossa!
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
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